'Sempre digo aos mais jovens que lutamos contra o idadismo não apenas por nós, mas por eles', diz Alexandre Kalache

  • 16/10/2025
(Foto: Reprodução)
Entenda o que é etarismo Amanhã, um homem que se dedica à questão da longevidade há cinco décadas completa 80 anos. A trajetória do médico e gerontólogo Alexandre Kalache é excepcional. Apesar de ter alcançado o posto de diretor do Departamento de Envelhecimento e Curso de Vida da Organização Mundial de Saúde (OMS), o mais impressionante é quantidade de projetos que idealizou e a legião de profissionais que formou. Tive o privilégio de conviver com ele, quando criamos e apresentamos juntos o programa "50 Mais CBN", com Mara Luquet. No seu 80º. aniversário, é o público que ganha presente: Kalache está lançando A revolução da longevidade, no qual entremeia fatos da sua vida pessoal e profissional com os principais conceitos do envelhecimento ativo. Em São Paulo, o lançamento acontecerá no 18º. Fórum da Longevidade, na semana que vem; no Rio de Janeiro, em novembro. Sobre o livro, diz: “Não é uma autobiografia, apesar de trazer muito da minha trajetória pessoal. Minha vida só é relevante porque se desenrolou em paralelo a algumas das transformações sociais mais profundas da História moderna. Também não é um manual de autoajuda sobre envelhecimento, embora traga algumas reflexões, alertas e conselhos sobre o tema. Quando nasci, expectativa de vida era de 46 anos. Hoje, é de 77. Ganhamos 30 anos de vida, não de velhice”. O médico e gerontólogo Alexandre Kalache, que completa 80 anos e lança o livro A revolução da longevidade Divulgação Recentemente, coordenou o Pequeno manual anti-idadista, assinado por 43 autores, que abrange os diferentes aspectos do preconceito contra os idosos – e como combatê-los. A obra é um desdobramento da sua militância, quando liderou o coletivo Velhice Não É Doença. O movimento, bem-sucedido, impediu que a OMS incluísse a velhice na Classificação Internacional de Doenças. Como epígrafe, usa uma declaração da atriz Jane Fonda, que é a chave para entender o livro: “Quando eu era jovem, achava que o ativismo era uma corrida de velocidade. Se eu corresse rápido o suficiente, tudo poderia ser consertado num instante. Depois, um pouco mais velha, entendi que o ativismo é mais parecido com uma maratona e aprendi a dosar o ritmo. Mas agora, já bem mais velha, percebo que é, na verdade, uma corrida de revezamento. A gente passa o bastão”. Kalache é um militante incansável e seu ritmo de trabalho continua frenético, mas sabe que precisa de sucessores para dar continuidade ao que construiu. E reconhece que deixar um legado é um imperativo: “Sempre digo aos mais jovens que lutamos contra o idadismo não apenas por nós, mas por eles. Foi com esse espírito que concebi o livro. Nesta etapa da vida, não tenho mais ambição profissional, nem necessidade de provar nada. Mas tenho vaidade. E quero deixar um legado. O ego resiste. Não gosto da ideia de desaparecer”. Explica que o ano de 2050 será um marco demográfico: 21% da população mundial terá 60 anos ou mais, em comparação a 8% em 1950 e 12% em 2023. O número de pessoas com 60 anos ou mais ultrapassará 2 bilhões. O número de idosos será maior que o de crianças com menos de 15 anos (em 2012, já havia mais idosos do que crianças abaixo de 5 anos). Em 64 países, 30% da população terá 60 anos ou mais. Em 2015, apenas o Japão atingia essa marca. Em 2050, praticamente todos os países desenvolvidos e grande parte da América Latina e da Ásia, incluindo a China, estarão nesse grupo. Ele conta que cresceu rodeado de parentes idosos e, desde cedo, adorava ouvir suas histórias. Ao entrar na faculdade de medicina, percebeu que não queria seguir uma carreira médica convencional: “meu interesse era muito maior pela anatomia social do que pela anatomia humana”. Ao optar por fazer o mestrado no Reino Unido, na London School of Hygiene & Tropical Medicine, uma constatação: naquela nação, em 1975, as pessoas com 65 anos representavam 12% da população, enquanto no Brasil esse grupo não passava de 3%. “Antes mesmo de terminar o mestrado, já havia decidido que minha vida profissional seria dedicada à saúde pública do envelhecimento global. Três meses depois da conclusão do mestrado, para minha absoluta surpresa, fui convidado a assumir uma posição acadêmica na Universidade de Oxford, onde passei vários anos dando aulas, pesquisando e concluindo meu doutorado”. Em 1994, após 20 anos no ambiente acadêmico no Reino Unido, foi recrutado pela OMS: “nos 13 anos seguintes, batalhei para introduzir uma abordagem de curso de vida no envelhecimento, contando com o apoio da rede global de ex-alunos que havia construído”, rememora. Por que a expressão “curso de vida” é tão importante? Se, desde cedo, a pessoa vive em condições ruins, pode nunca atingir sua capacidade funcional ideal e começará a declinar precocemente. Kalache dedica A revolução da longevidade aos filhos e netos, e também ao companheiro Paul Faber, pelos “mais de 40 anos de cumplicidades, trocas e muito afeto”. No entanto, afirma que, acima de tudo, o livro “é uma carta aberta aos jovens brasileiros. Quero que vocês tenham sucesso no seu envelhecimento. Quero que o Brasil tenha sucesso no seu envelhecimento”.

FONTE: https://g1.globo.com/bemestar/blog/longevidade-modo-de-usar/post/2025/10/16/sempre-digo-aos-mais-jovens-que-lutamos-contra-o-idadismo-nao-apenas-por-nos-mas-por-eles-diz-alexandre-kalache.ghtml


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